Qualidade do Ar: o potencial invisível das cidades inteligentes
23/05/2025
(Foto: Reprodução) O papel da internet das Coisas (IoT) na construção de ambientes urbanos sustentáveis, conectados e seguros para viver Espaços urbanos bem planejados englobam uma série de fatores que promovem saúde física, mental e social para os seus habitantes. A qualidade do ar dos centros urbanos é um desses pilares, que muitas vezes, pode passar despercebido no dia a dia agitado das grandes cidades, mas que possuem uma relevância fundamental para a qualidade de vida da população.
Especialistas afirmam que a desigualdade no monitoramento da qualidade do ar no Brasil compromete a formulação de políticas públicas eficazes, assim como a escassez de dados oficiais e o cumprimento das diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tema.
Bill Furlow, um desses especialistas, Estrategista Sênior nas áreas de Energia e Automação Industrial, traz uma reflexão importante sobre o tema: “Existe um ditado antigo: “Se você não pode medir, não pode gerenciar.” Ou seja, quando um governo identifica um problema, deve buscar soluções baseadas em dados e estabelecer resultados mensuráveis. Medir dados de base, iniciar uma solução e, depois, medir seu impacto significa que as cidades não precisam mais adivinhar se um programa está funcionando como esperado. Ajustar as ações em tempo real economiza dinheiro e, mais importante, entrega resultados concretos, validados e replicáveis”.
Na Europa, a qualidade do ar e a promoção de ambientes urbanos saudáveis são tratadas como prioridades estratégicas. Os países europeus adotaram um plano de ação ambicioso para alcançar as metas estipuladas no Pacto Ecológico Europeu, como reduzir, até 2030, em 55% as mortes prematuras causadas por partículas finas (PM2,5).
Nesse sentido, Bilbao, cidade ao norte da Espanha, aparece como um dos destaques nesse setor, sendo uma das cidades mais limpas da Europa. A governança local implantou iniciativas de modernização do transporte público, criou zonas de baixas emissões e revitalizou áreas degradadas. Iniciativas que transformaram a cidade, antes um centro industrial poluído, em uma referência mundial em sustentabilidade urbana.
São diversas as ações que podem ser implementadas para garantir a qualidade de ar que milhões de pessoas respiram todos os dias nos grandes centros urbanos. Áreas verdes, mesmo que pequenas, contribuem e muito para isso, assim como a ampliação e modernização do transporte público, monitoramento e fiscalização de emissões industriais, educação ambiental e o uso de tecnologia para implantação de sistemas que contribuam com o monitoramento e transparência dos dados.
Em busca da criação e aplicação dessas políticas públicas, muitas cidades têm recorrido à Internet das Coisas (IoT) como estratégia para se tornar inteligentes, sustentáveis e mais saudáveis.
Sobre isso, Furlow complementa: “A qualidade do ar continua sendo um indicador fundamental da expectativa de vida. Felizmente, nunca houve tantas opções econômicas para não apenas monitorar a qualidade do ar, mas também identificar fontes de poluição de forma rápida e fácil. Hoje, com o uso de aviões e drones, já é viável medir a qualidade do ar enquanto se cria um mapa 3D dessas áreas. Os equipamentos são calibrados para identificar poluentes no ar, rastreá-los até sua origem e, em alguns casos, identificar e até contatar as empresas responsáveis, informando-as de que estão em violação e que a limpeza é necessária. Isso só é possível com a tecnologia”.
É nesse contexto que entra a IoT, uma rede de dispositivos interconectados que coletam, transmitem e processam dados em tempo real, o que permite aplicar sistemas para, por exemplo, o monitoramento contínuo da qualidade do ar, integrar sistemas de mobilidade, energia, saúde e infraestrutura e obter dados com maior velocidade e, consequentemente, criar e aplicar políticas mais ágeis e eficientes.
Três exemplos reais de utilização da IoT com esse objetivo são as cidades de São Paulo, Barcelona e Londres. A primeira desenvolve, através de startups e universidades, sensores de baixo custo para mapear a poluição em comunidades vulneráveis. Já a segunda, usa sensores IoT para monitorar ar, ruído e temperatura e integrar esses dados às políticas urbanas em tempo real, e a terceira, Londres, criou uma plataforma com dados públicos sobre qualidade do ar, também, em tempo real.
As cidades inteligentes espalhadas pelo mundo, têm cada vez mais, se posicionado como um ecossistema vivo, conectado e adaptável, dispostas a utilizar a tecnologia a favor do bem estar de suas populações, e é nesse lugar, que a IoT passa a ser uma grande aliada.
Nos próximos dias 3 e 4 de setembro, São Paulo será palco de reflexões e discussões sobre o tema na IOT Solutions Congress Brasil - Connecting Devices, Connecting People, Connecting Worlds. O evento reunirá especialistas e soluções que mostram, na prática, como a tecnologia pode ser aplicada não apenas para melhorar a cidade, mas para protegê-la e salvar vidas.
A IoT é uma das ferramentas que representa o futuro da urbanização nas cidades inteligentes, tornando as políticas públicas mais eficazes e sustentáveis.