Motta escolhe Paulinho da Força como relator de projeto da anistia
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Deputado Paulinho da Força durante fala na Câmara dos Deputados
Billy Boss/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou nesta quinta-feira (18) a escolha do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator da proposta que perdoa condenados por atos golpistas.
O parlamentar será responsável por apresentar uma nova versão do projeto de anistia, que teve urgência aprovada na noite de quarta (17) e poderá ser votado diretamente no plenário da Câmara.
A expectativa, segundo aliados de Paulinho, é que o parecer fique pronto e a votação ocorra em até duas semanas. Lideranças partidárias têm afirmado que o relator deve apresentar um texto que contemple redução das penas dos condenados, sem um perdão total aos crimes.
"Anuncio que o relator do PL 2162/23 será o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Tenho certeza que ele conduzirá as discussões do tema com o equilíbrio necessário", escreveu Motta em uma rede social.
Deputados gritam contra e a favor da anistia a golpistas
Após reunião na Residência Oficial da Câmara, Paulinho da Força afirmou em entrevista à GloboNews que a conversa com Hugo Motta tratou de prazos e caminhos para construir o projeto. "A ideia é pacificar o país. Um projeto meio-termo", afirmou.
Paulinho da Força é considerado um parlamentar com trânsito entre diferentes alas da política e do Judiciário.
O deputado tem interlocução com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) — especialmente com o relator das ações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, ministro Alexandre de Moraes, de quem é considerado próximo.
Em novembro de 2023, uma tese proposta por Moraes, durante julgamento na Corte, reverteu uma condenação contra o deputado por supostos desvios no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O caminho aberto com a Corte é um dos fatores que contaram para a sua escolha.
O presidente do Solidariedade também tem feito acenos ao centro e duras críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia sido apoiado por ele na campanha de 2022.
Paulinho da Força começou a se afastar de Lula ainda na transição de governo, quando o Solidariedade foi preterido na distribuição de cargos e ministérios de Lula. O desconforto foi aumentando, segundo aliados, com a ausência de interlocução do Planalto com membros da sigla.
Em junho, Paulinho da Força afirmou ao g1 que não apoiaria Lula em 2026 e que participaria de negociações para que o Solidariedade apoiasse uma candidatura de centro-direita.
Entre os acenos feitos pelo deputado, estão a participação no lançamento da pré-candidatura a presidente de Ronaldo Caiado (União) e o apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Amplitude da proposta
A anistia é prioridade central da oposição na Câmara e no Senado, que defende um perdão amplo e geral, que beneficiaria, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Aliados de Paulinho da Força e lideranças do Centrão avaliam, porém, que a amplitude da proposta deve ser reduzida.
A aprovação da urgência — com 311 votos a favor e 163 votos contrários — encurta as etapas de discussão da proposta e atende a um pleito do grupo aliado de Bolsonaro, que vinha cobrando uma definição de Hugo Motta desde que ele sinalizou caminho aberto ao projeto durante sua campanha à presidência da Câmara.
A pressão pelo avanço da anistia cresceu, nas últimas semanas, com o julgamento e a condenação de Jair Bolsonaro por uma tentativa de golpe. O texto passou a reunir apoios entre partidários do Centrão e contou até mesmo com negociação do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), potencial candidato ao Planalto em 2026.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, vinha sendo pressionado sobre projetos de anistia.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Motta defende 'pacificação'
Logo aprovação da urgência ao projeto de anistia, o presidente da Câmara discursou em defesa de uma "pacificação" no país.
Hugo Motta sinalizou que o Congresso precisa superar o tema para que "temas urgentes" possam andar. "Não se trata de apagar o passado, mas de permitir que o presente seja reconciliado e o futuro construído em bases de diálogo e respeito", disse.
Segundo ele, o relator da proposta será escolhido para que "possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da Casa".
"Um presidente da Câmara não pode ser dono de teses, nem muito menos de verdades absolutas. Sempre que alguém se declarou o dono da verdade, o país perdeu. E, nesse caminho de construção coletiva, quero reafirmar a mensagem que guia a nossa gestão: o Brasil precisa de pacificação. Cabe ao plenário, soberano, decidir", afirmou.